Livro apresenta Deleuze sob o olhar de Cláudio Ulpiano


Centro de Estudos Cláudio Ulpiano lança obra pela Editora Funemac

O Centro de Estudos Claudio Ulpiano e a Funemac Livros lança nesta segunda- feira (8) o livro “Gilles Deleuze: A Grande Aventura do Pensamento”, no qual o filósofo macaense Claudio Ulpiano abordava em suas aulas. O evento é promovido pelo Departamento de Direito da PUC e organizado pelo Centro de Estudos Claudio Ulpiano e acontecerá a partir das 19:30, no auditório B8, na cobertura do Edifício da Amizade, Ala Frings.


A obra é resultado da tese de doutorado de Ulpiano na Unicamp e a programação contará com apresentações de vários acadêmicos e artistas que foram seus alunos. O livro vem sendo elaborado desde 2005 pelo Centro de Estudos Claudio Ulpiano, que se dedica a divulgar e fomentar a obra do filósofo. Em 2009, o CCLULP iniciou uma parceria com a Fundação Educacional de Macaé (Funemac), que abriu a Cidade Universitária para as suas atividades públicas - o Ciclo de Filosofia e Cinema, e os cursos do próprio Ulpiano, a partir do acervo, sob a orientação de um coordenador. Em 2012, com o apoio da Fundação e seu selo (Editora Funemac) foi possível concluir a obra. A presidenta da Fundação na época Marilena Garcia, que conheceu o filósofo destacou a contribuição de Ulpiano para a Filosofia. 

“Ele tinha uma forma especial de explicar Deleuze. As palavras certas, os exemplos o conhecimento que possuía aliada a percepção da classe fazia com que suas aulas fosse especiais e únicas. Ter hoje este conhecimento registado em um livro é algo valioso”, afirmou.

Claudio Ulpiano é reconhecido como principal divulgador da obra filosófica de Gilles Deleuze no país. Ele também é destaque pela beleza e rigor de suas aulas, associadas a um raro poder didático, alicerçado sobre seu domínio das diversas correntes da filosofia, da arte e das ciências, tornado-se capaz de atrair ouvintes das mais diversas áreas de interesse. "É por isso que vemos passar por suas salas de aula músicos, atores, cineastas, coreógrafos, escritores, artistas plásticos, designers, arquitetos, médicos, psicólogos, psicanalistas, historiadores, matemáticos, físicos, etc. que são unânimes em afirmar a influência definitiva que Claudio exerceu em suas vidas", ressalta Sílvia Ulpiano.


Nome reverenciado nos meios intelectuais e artísticos por sua habilidade especial de transmitir o ensino filosófico em associação com a vida, Claudio Ulpiano tem sua obra postumamente divulgada em sua terra. Para tanto, conta com o apoio da Prefeitura de Macaé, que, reconhecendo a importância de preservar a obra de seu filho ilustre, vem, desde o final de 2007, possibilitando a consolidação e a divulgação de seu acervo de aulas, formado a partir das gravações de seus cursos realizadas por seus alunos.

Falecido em janeiro de 1999, Claudio Ulpiano deixou em poder de seus alunos uma preciosa obra oral, gravada em fitas k7 e VHS, fruto de dezoito anos de aulas dadas no Rio de Janeiro, nas universidades (Uerj e UFF) e fora delas em cursos livres abertos a não especialistas , mas também, em São Paulo e no Estado do Paraná, onde colaborou com uma experiência piloto organizada pelo Governo Jaime Lerner, a Universidade do Professor, com o objetivo de sofisticar o professorado do estado, sobretudo do interior, sem acesso às produções culturais, artísticas e educacionais em sua cidade de origem.

Ulpiano escreveu “Gilles Deleuze: a grande aventura do pensamento” nos últimos anos de vida. Combalido por um enfisema, cedeu aos pedidos de Silvia para deixar um registro escrito de suas reflexões. 

"Não é um livro sobre, e sim com Deleuze. Claudio queria extrair aquilo que estava virtual no pensamento de Deleuze, assim como o próprio Deleuze havia feito com Espinosa, Nietzsche, Bergson, Leibniz e tantos outros filósofos" diz Silvia.

O resultado é uma obra de capítulos curtos e independentes, que não seguem uma estrutura linear, e exploram os conceitos deleuzianos e suas leituras de outros filósofos numa linguagem mais densa que a de suas aulas. Ulpiano o define como um texto que “se pretende poético, como se fosse um poema. (...) É um sonho e coloca em primeiro plano os sonhadores. Mas também um enfrentamento — o mais inocente, do espírito consigo próprio”.

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