O que eu não queria saber de verdade



Me decepcionei com o novo Cd da Marisa Monte. Não sou crítico de musica, não entendo de partituras pra fazer avaliações. Sou apenas apreciador e dessa cantora, mais ainda. Sou o típico comprador CDs. E “O que você quer saber de verdade”, me mostrou uma cantora retomando o início de sua carreira: Buscando algo para identificá-la dentro do atual cenário da musica brasileira. Depois de seus cinco últimos trabalhos, este se assemelha muito ao MM, aquele do “Bem que si quis”. Uma relação de boas musicas, algumas muito bem arranjadas, mas sem uma identidade marcante. O que eu não queria saber. De verdade.

Lembro-me de como eu passei a conhecer o trabalho de Marisa Monte. Foi por meio de uma entrevista da Maria Bethania em uma revista masculina. (Acredite, a sessão de entrevistas é boa mesmo!). Nela, a Baiana se referia à carioca como sendo uma cantora que não havia realizado nenhum disco expressivo, até “Verde Anil Amarelo, Cor de Rosa e Carvão”.  Decidi ouvir. E me surpreendi. Ouvi-lo até hoje é marcante. Tudo funciona perfeitamente. Do início ao fim. A partir daí o efeito passou a ser o mesmo: “Memórias crônicas e declarações de amor”, “Tribalistas”, “Infinito Particular” e “Universo ao Meu Redor”. Todos serviram para marcar e solidificar a carreira de Marisa Monte. Este não.

A intenção de repetir o impacto e interação com seu público estão lá, mas nunca atingido por completo. Assim como seus trabalhos anteriores, Marisa Monte tem um cuidado com a 1ª e 5ª canção (geralmente a metade do cd). Ela conquista o ouvinte pelo início. È o cartão de visita do trabalho. Na metade, sua renovação. Ao final, você já está convencido de ser mais um dos grandes CDs da cantora.

Neste, o processo não se concretiza. “O que você quer saber de verdade”,  que abre o CD é inspirador e agradável, a certeza de se tratar de Marisa Monte. As seguintes, precisam ser ouvidas repetidamente e com boa vontade para serem apreciadas e mesmo assim, a sensação que se tem é a de não querer se decepcionar com um trabalho do qual se criava expectativas. A 5ª canção, “O que se quer” é a melhor do disco.  É o “Na estrada” (do Verde, Anil...) o “Tema de Amor” ( Memórias) e “ Pra ser sincero” ( Infinito Particular) de seus trabalhos anteriores.

Ao final da audição, tem-se a vontade de ouvi-lo novamente, mas apenas três ou quatro músicas. O mesmo efeito produzido pelos “Marisa Monte” e “Mais”, que possuem seus méritos, mesmo sendo irregulares.

Mesmo decepcionado, continuo, por dois dias seguidos, ouvindo Marisa. De alguma forma seus trabalhos têm algo a dizer. E enquanto estiver provocando esta reação a mim, certamente continuarei a acompanhar o seu trabalho. 

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