Dilma e a imprensa



E a presidente do Brasil, Dilma Rousseff falou na Globo. Fez um balanço de seus seis primeiros meses à frente do governo, destacando ações de seu mandato, sua personalidade forte e claro, o afastamento de ministros ligados aos escândalos de corrupção. Foi uma entrevista curiosa, especial e acima de tudo importante para se perceber a relação que a imprensa possui com a política, seu o poder em valorizar uma imagem, o contrário desta e uma aula de como se desmitificar no ar boatos e inverdades produzidas por ela.

A mídia brasileira aprendeu a manipular as informações e utilizá-las da maneira que lhe for benéfica. Uma constante afirmação divulgada por grande parte dos cientistas políticos ou analistas do setor após a entrevista de domingo foi que a emissora “Levantou a bola” para Dilma. Não foi o que percebi. O que todos puderam notar foi à necessidade da emissora ouvir, depois de meses veiculações de informações sobre sua própria ótica (leia-se fabricar notícias de grande impacto televisivo) o que realmente está acontecendo. Para o bem ou para o mal, a mídia tem esse poder: criar, manipular e redimir a informação que noticia.

Uma bela, educada e agradável jornalista, mulher, no gabinete da presidente fazendo perguntas diretas e delicadas, com uma naturalidade nunca vista. A garota do fantástico possui a qualidade de fazer perguntas polêmicas sem ofender o entrevistado. Todas as perguntas, que nós brasileiros gostaríamos de ouvir de Dilma, foi respondida. Pôde-se ter uma idéia de como será a relação de nossa representante com a imprensa nos próximos anos.

Bem articulada, Dilma Rouseff soube, de forma direta, evitar a armadilha de concordar com as perguntas, respondendo a maioria delas com observações que desmentiam as informações veiculadas na mídia. Quatro bons exemplos: CPMF, o afastamento dos ministros, sua personalidade e as obras para a Copa do Mundo. Nelas a presidente foi clara em corrigir rapidamente a questão e ainda rebater as opiniões contrárias. E ai, não há mídia que possa desconstruir, sem de manchar, essa imagem. Lembremos da campanha de Collor+ Globo X Lula.

Pode parecer pouco, mas não é. Ao responder de forma prática e franca, a presidente mostrou que muito do que se divulga é em sua maioria, supervalorização da notícia para atrair leitores e suas ramificações nos meios de comunicação. Pode também parecer coerente, mas também não é. Para a elite e a classe média é fácil notar essa diferença. Mas para a população em geral, aquela que ainda tem a dificuldade de ter acesso e conhecimento dos fatos reais, ouvir de sua representante (com um feedback único) o que realmente está acontecendo, é no mínimo certeiro.

Dilma não é Lula. Mesmo os associando ou comparando-os. Acredito que com esta entrevista, a Dilma conseguiu dar um enorme passo a desvinculação desses dilemas. Estamos assistindo a construção de um novo político. Aquele que acima de tudo faz a correta gestão política, administrativa, de comunicação e pessoal. Ou seja: Aquele representante que todos, consciente ou inconscientemente anseiam ter.

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