A hora e a vez dos cidadãos





Na última quinta-feira 11, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) saiu em defesa da presidente Dilma Rousseff, em seu discurso no plenário.  Ele criticou especulações de que ela poderia não terminar o mandato, em virtude da falta de apoio político. Como todos sabem, a presidente está promovendo (o que a imprensa, de um modo geral, está chamando de) “uma faxina” em seu governo. A cada demissão, Dilma perde o apoio. Por estar fazendo o certo. Sem esse respaldo, completou o senador (três dias depois em outra entrevista): “Só resta o apoio da população. Achei crucial a afirmação de Cristovam, por se tratar de um dilema: Estaríamos nós, preparados para apoiar a presidente, independente de suas características políticas e partidárias?

Dilema sim, pois inicialmente a afirmação tem o peso e a certeza ideológica das quais sempre difundimos: A força da população e sua capacidade de transformar. Somos nós, que elegemos, nós que apontamos e criticamos. Mas e na hora que precisamos exercer a nossa cidadania, defendendo os pontos de vista que sempre debatemos em casa, com os amigos, nos bares e na internet? Estaria a população, nesse momento, ao lado da presidente e contrária aos seus partidos, deputados e seus senadores, os mesmos que ajudaram a elegê-los?.

A questão aqui é a corrupção. Aquela que todo mundo convive e despreza por anos a fio. Que se tornou insuportável de se ler, revoltante de se ouvir e frustrante até de se falar. Teríamos coragem de cobrar dos nossos representantes a responsabilidade de compactuar com a Dilma, fazendo-os a seguir por este caminho, mesmo cientes de suas conseqüências futuras, do ponto de vista partidário?

Seríamos capazes de ir às ruas, a passeatas, movimentos contra a corrupção, de alguma apoiando, uma mulher, do Partido dos Trabalhadores, eleita em um segundo turno, que possui um perfil rígido com assessores e ministros, direta em suas ações e vista por muitos como autoritária?  No plano Collor, milhares de jovens foram às ruas pelo pedido de Impeachment do então presidente Fernando de Mello, por seus esquemas de corrupção. Mas por traz disso havia o “Plano econômico” aquele que mexeu no nosso bolso. “Dormimos ricos e acordamos pobres”, diziam. Nos roubaram o que era de sagrado. E nesse caso, denúncias foram “apenas”, a gota d’água.

Hoje, com a economia estabilizada (mesmo com situação dos EUA) estamos na condição de espectador, não querendo que a presidente entregue o mandato. Ao que tudo parece indicar é que vivemos em um cenário atual delicado e que nossa força deverá ser questionada nos próximos meses, se assim continuar as demissões.

E nesse momento, toda e qualquer reflexão sobre o nosso papel enquanto cidadãos, pertencentes a uma democracia que apresenta tantas críticas por nossa própria parte, se faz necessária. Precisamos nos despir de conceitos políticos, partidários e eleitorais e se fazer valer do que é justo. Para que não continuemos a criticar e se revoltar gratuitamente. A hora e a vez dos cidadãos

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