Por onde anda a Macaé dos macaenses?

Há alguns dias tive a sorte de estar próximo a um grupo de macaenses que se reuniram com o objetivo de preparar um belo documento sobre a história do município nos últimos 50 anos. Todos acompanharam as verdadeiras transformações sofridas pela cidade e sem romantismo, recordaram também fatos marcantes da cultura, da política, da economia e do jeito macaense de ser. Constatei que hoje, esses fatos estão presentes apenas nas mentes desses admiráveis cidadãos e de outros antigos moradores, que de alguma forma mantiveram essas histórias apenas em seus círculos. E me perguntei o porquê. Por que os macaenses deixaram a história de sua cidade se esvair em meio as suas incontestáveis transformações?
As justificativas são muitas e por isso mesmo, compreensíveis. Mas ainda assim, não aceitáveis. Em pouco menos de três horas tive acesso a tantas informações, constatações, fatos de importância histórica e cultural que ao final fiquei com inveja de não ser um cidadão macaense, apesar de me sentir um filho adotivo. Todas as recordações me foram transmitidas por pessoas que participaram de movimentos políticos, sindicais, da ditadura. Ali, na minha frente, em uma das grandes aulas que já tive sobre a cidade. E por que, hoje, próximo a completar 200 anos de emancipação, Macaé não é a cidade de seus verdadeiros macaenses? 
E ai nos remetemos ao fator Petrobras. Há pouco tempo, a estatal e empresas offshore eram as principais responsáveis por todas as mazelas da cidade. Falta de emprego? Culpa delas. Cidade impactada? Elas de novo. Falar dessas empresas, que sim, afetaram o desenvolvimento da cidade passou a ser a única forma de encobrir algumas responsabilidades dos gestores nas últimas décadas e principalmente de seus próprios moradores. Sim, como cidadãos, temos responsabilidade sobre todos os acontecimentos.
Os macaenses estão à frente em diferentes segmentos da cidade. Nos órgãos públicos, comércio, indústria, nos movimentos sociais e nas lideranças comunitárias. Macaé tem, e continua possuindo, representantes naturais em sua condução. E mesmo assim, sua história continua se perdendo. É nessa constatação que acredito estar toda a resposta deste questionamento. A inversão de valores de muitos desses representantes macaenses, conseguiu se sobressair onde a sua história deveria ser exercida, contada, preservada e exposta. E dessa forma, os jovens macaenses pouco sabem de sua cidade. O que foi preservado não consegue se comunicar com os cidadãos de hoje. Um elo perdido.
Percebi que aquela reunião se tornou o início de uma significativa mudança. Acredito nisso. Tanto que a compartilho aqui: São os macaenses, os únicos capazes de resgatar e manter todas as conquistas e fatos históricos que garantiu a cidade um título de nobreza. Mas para um reinado ser mantido, sua história tem que ser contada.

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